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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Ittran quer leiloar água mineral usada na produção de cerveja Antarctica, em Joinville

Ittran quer leiloar água mineral usada na produção de cerveja Antarctica, em Joinville Maiara Bersch/Agencia RBS
Poços deixaram de ser usados em 1998Foto: Maiara Bersch / Agencia RBSSchirlei Alves


A água que deu fama à qualidade da cerveja produzida pela Antarctica, em Joinville, poderá voltar a ser explorada depois de 14 anos. O título que autoriza a pesquisa da água mineral será leiloado no dia 19 pelo Instituto de Trânsito e Transporte (Ittran). A empresa que oferecer o melhor preço em leilão presencial será, a partir do ano que vem, a responsável por explorar a água.
Antes de explorar comercialmente, a empresa precisa estudar a qualidade da água mineral e definir a quantidade que pode ser retirada. A exploração exige licenciamento por parte do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).


Os poços de onde vinha a água usada na fabricação da cerveja estão localizados em um terreno na rua Padre Anchieta, no bairro América. O terreno e o complexo da cervejaria foram comprados pelo município que, em 2010, entrou com processo de tombamento, transformando o espaço em patrimônio cultural. Este pode ser um dos empecilhos para dar continuidade ao processo.
O diretor técnico operacional do Ittran, Renato Godinho, garante que o tombamento não impedirá a exploração da água que, segundo ele, é responsabilidade da União. Para fazer uso da água, Godinho explica que não há necessidade de explorar o terreno, porque o trabalho é feito por meio de tubos que dão acesso ao subsolo.
— Existe uma lei que determina que a água mineral seja explorada — completa.
Ainda segundo o diretor, quando a empresa iniciar a exploração, o município poderá ser beneficiado com royalties da água mineral.
O coordenador de Patrimônio Cultural, Raul Walter da Luz, diz não ter conhecimento sobre o leilão, mas acredita que o tombamento não impediria a exploração. Ele ressalva que qualquer atividade feita em propriedade tombada precisa passar pela aprovação da Comissão de Patrimônio que vai averiguar se a intervenção é ou não apropriada.


O processo


Desde setembro de 2011, a autorização estava sob a responsabilidade da extinta Conurb, que até julho se tratava de economia mista e, portanto, tinha o direito de permanecer com o título. Com a mudança jurídica, tornando-se uma autarquia, o Ittran precisou se livrar da autorização. Conforme a regulamentação do DNPM, o município não pode se responsabilizar pela portaria de lavra que permite a exploração de mineral. Por isso, desde que a fábrica deixou de atuar em Joinville, a autorização dos poços permaneceu no nome da extinta Conurb.
— A concessão deve gerar lucro, o título de lavra não é para ser exercido por entidade pública e sim para gerar renda — explica o superintendente do DNPM, Marcos Zunblick.
A empresa que ganhar o leilão, por sua vez, só poderá iniciar a pesquisa e futura exploração, se for autorizada pelo departamento. Segundo o superintendente, esse tipo de negociação ocorre, geralmente, por meio de processo licitatório.
O DNPM ainda não foi informado sobre a mudança jurídica do instituto, nem sobre o leilão. O superintendente diz que é importante consultar o órgão para saber o procedimento adequado.
— Seria interessante que fizessem uma consulta antes de vender uma coisa que, de repente, não pode ser transferida — analisou.


Poços que guardam história


O terreno que abriga os poços responsáveis pelo sabor da cerveja da Companhia Sulina de Bebidas Antarctica, em Joinville, está abandonado. O poço artesiano e uma espécie de cisterna ainda estão lá, nas imediações do Morro Alto. Cobertos pela vegetação, os compartimentos não parecem conter a fonte preciosa que fez a fama da cerveja.
A moradia do antigo caseiro está desocupada e deteriorada e a água escorre por um pequeno cano quebrado e encharca o terreno, cristalina e gelada. Funcionários de uma empresa terceirizada pelo Ittran passaram a sexta-feira roçando o terreno onde ficam os poços.
Nos anos 40, a Antarctica comprou a Cervejaria Catharinense. A água não precisava ser tratada e ia direto para a fabricação. A empresa encerrou a sua história em Joinville em 1998.
Empresa que oferecer o melhor preço será responsável por exploração do líquido

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