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terça-feira, 29 de dezembro de 2015

A "Desidratação" do setor de Água Mineral

          
                Há 20 anos o setor de Água Mineral mostrava seus primeiros sinais de farto crescimento. Algumas poucas indústrias dominavam, por inteiro, a distribuição e comercialização do produto no RS. A qualidade da água entregue pelo poder público sem dúvida era melhor nessa época, mas a procura pela evidente qualidade superior das águas minerais do RS eram crescentes dia a dia...          

        Cientes da qualidade da água mineral no RS os empresários começaram uma busca frenética pela legalização de novos poços e novas indústrias. Plantas industriais surgiram em todo canto do nosso estado e assim surgiram o que temos hoje, ou seja, inúmeras fontes envazadoras de água mineral buscando um lugar ao sol literalmente... Fazendo uma rápida observação verificamos que surgiu mais capacidade de produção que capacidade de consumo residencial, pois este é o foco de quase todas as indústrias que surgiram no nosso estado. O mercado passa a contar com aproximadamente 30 indústrias em pouco mais de 20 anos e um número maior ainda de marcas que por sua vez começaram um disputa ferrenha no mercado gaúcho . O monopólio deixa de existir e o mercado de água mineral se fragmenta de forma assustadora.     
         
        Quem agradece é o consumidor, que passa a contar com muitas marcas com características fisico-quimicas bem diferentes uma das outras . O consumidor agradece, porém perde a referência dos produtos dando, a nítida impressão que água mineral é tudo igual, e isso temos a absoluta certeza que não é. O consumidor tem a possibilidade hoje de escolher a água que melhor lhe cabe no paladar e no bolso, mas ainda não as conhece e nem sabe onde encontrá-las.                   

        O mais interessante de se observar nesse processo é que o mercado dividido fez aumentar o preço do produto onde geralmente aconteceria o contrario. Claro , vamos levar em conta a fome exagerada do poder público na arrecadação de tributos, inclusive deste setor. mas também vamos levar em conta o alto custo de produção e transporte deste produto que muitas vezes não conta com politica reversa de transporte. Incrivelmente as fontes vendem menos hoje do que vendiam a 15 anos atrás.          

        Vamos pensar que uma coisa puxa a outra e vamos transpor esta realidade para as distribuidoras, que estão cada vez menores e mais espalhadas... e num processo absolutamente natural acabaram os grandes atacadistas do setor , e não se vê que voltarão tão logo. Os atacadistas foram exprimidos pela logística própria de algumas indústrias, e as que não fizeram estão a caminho de fazê-lo sob pena de ter seu mercado tomado pela agilidade do concorrente. As indústrias precisam obter o controle do produto do início ao fim e isso se dá através de uma logística que começa na indústria e passa pela distribuidora , sem a necessidade do atacadista, que visivelmente inflaciona o preço do produto e ao longo do tempo acaba reduzindo a venda da própria indústria que representa. Muitos já fazem o caminho oposto, apostando em centrais de distribuição exclusiva novamente, numa tentativa de fidelizar mais seu distribuidor e porque não dizer, seu cliente            
        
       No que tange as distribuidoras podemos dizer que elas são o reflexo da própria industria: menores e mais espalhadas. O distribuidor está arcando com um alto custo , pois deles dependem quase toda a mídia que existe no setor, salvo raras exceções. Partem das distribuidoras também boa parte da distribuição do produto em residencias, comércios e órgãos públicos. Não podemos deixar de mencionar a alta quantia de mão de obra necessária para distribuirmos esse produto que é desajeitado e pesado.          

        O Custo das distribuidoras foram as alturas, bateram no teto e o apoio que os distribuidores recebem das indústrias são quase inexistentes, representamos  um produto no qual o fabricante pouco se importa com quem o distribui. Onde estamos errando ? Onde as fontes estão errando ? mea culpa ?       
      As fontes quando ajudam patrocinam aqui e ali um panfleto, uma camiseta, mas quantos o fazem? Além do produto, que é o fundamental, qual a outra contribuição que as indústrias estão deixando a seus distribuidores ?        

       Como podemos admitir que 60 % das marcas de água mineral que estão nas gondolas dos nossos supermercados não sejam do nosso estado ? Porque as indústrias permitem sisso ? nosso produto não é bom ? Divisas Fiscais ?       Precisamos urgentemente repensar nosso modelo de negócio, precisamos rever nossos conceitos, precisamos inovar... como vamos fazê-lo ? Fica  a pergunta .


Por Leandro Greff (Água Saudável)   

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