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sábado, 23 de outubro de 2010

Monopólio no setor de bebidas é alvo de críticas

Helio Miguel
Arquivo
Pequenas perdem espaço.
A enorme concentração no setor de bebidas, em que três companhias dominam mais de 80% do mercado, já provocou o fechamento, em 10 anos, de mais de 600 empresas de menor porte, no País.
Apesar da fase mais forte de aquisições fusões já ter passado, muitas dessas companhias sobreviventes ainda acham que dá tempo de buscar soluções para o problema, que passam, por exemplo, pela redução de impostos e maiores limitações à concorrência desleal.
Um dos primeiros passos oficiais para isso será dado hoje, em Curitiba, quando empresários do ramo irão se reunir em um simpósio sobre o tema. “Se não houver um basta (nessa situação), as grandes vão ficar cada vez mais fortes”, afirma o presidente da Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil (Afrebras), Fernando Rodrigues de Bairros.
“Não são só as pequenas empresas que perdem com isso. Os municípios-sede e os consumidores também são prejudicados”, lembra ele, questionando: “Quanto será que iremos pagar por um refrigerante daqui a cinco anos?”.

No entanto, Barrios reconhece que as ações contra a concentração de mercado estão chegando tarde para muitas empresas que já fecharam ou estão em vias de fechar. Para ele, o desafio do momento é, ao menos por enquanto, manter vivas as fabricantes pequenas.
“A fusão da Brahma com a Antarctica, em 2000, não deveria ter sido aprovada”, lamenta. “Hoje existe uma força contrária, um lobby, muito fortes a favor das grandes”, critica, apresentando estatísticas que mostram que a participação das pequenas no mercado de cervejas caiu de 6% para 1,6%, desde então.

Para Bairros, que será um dos palestrantes no evento de hoje, mudanças na política tributária do setor são um dos caminhos para que o mercado volte a se equilibrar ou, pelo menos, deixe de caminhar para uma monopolização. “Embora também seja necessária uma regulação de mercado, é preciso mudar a tributação”, diz.

O executivo ressalta que empresas que produzem refrigerantes, cerveja e água mineral não podem, por exemplo, participar do regime Simples de tributação, e isso, em sua opinião, só favorece as gigantes do setor. “Enquanto produtos de uma Ambev arcam com uma carga tributária de 40%, uma cerveja Colônia arca com 60%”, afirma.

Como exemplo do enfraquecimento das marcas menores de bebidas, Bairros cita um levantamento feito pela Afrebras, que descobriu que elas têm apenas 2% a 3% de espaço nas prateleiras de supermercados, em média.
“Com essa menor exposição, o consumidor vai esquecendo as pequenas marcas”, conclui, mencionando marcas como a Cini, cada vez menos presentes nas gôndolas.

Fonte: Paraná On Line

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