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segunda-feira, 29 de março de 2010

Quem tem sede tem pressa

Campanha de conscientização sobre o uso racional da água lançada por companhia de bebidas tem força para se tornar bandeira daqueles que já vivem hoje a escassez do recurso mineral. Proposta é envolver comunidades, empresas e governos

POR LEILA SOUZA LIMA

Rio - 'Moro num lugar que talvez vocês não encontrem no mapa”. Assim começou o tocante depoimento de Vanete Almeida, coordenadora da Rede Latino-Americana e do Caribe das Mulheres Trabalhadoras Rurais, no lançamento do ‘Movimento Cyan — Quem vê a Água Enxerga seu Valor’ pela Ambev semana passada, em São Paulo: “A água que bebemos, a mesma usada para tomar banho e lavar roupa, é barrenta. Muitas vezes, usamos essa planta (a moringa) para assentar o barro. Quando a sede é muita, bebe-se com barro mesmo”. A região de Jatiúca fica no semiárido de Pernambuco.

Essa é a realidade, ainda distante para muitos, de milhares de brasileiros que habitam o Sertão Nordestino e outras tantas regiões secas no mundo inteiro, onde a sede é o principal drama de seres humanos e animais. Quem vive nos grandes centros, porém, não tem ideia do quanto tal perspectiva é real no futuro de todos, se não houver a conscientização global de que a água doce é o bem mais precioso na corrida pela sobrevivência.

A ação proposta pela Ambev no Dia Mundial da Água, celebrado na última segunda-feira, é de mobilização da população, das organizações e do poder público em torno de ampla campanha pelo uso consciente do recurso. As indústrias de bebidas, comumente acusadas de negligenciar a questão, têm encabeçado iniciativas — e gasto milhões com isso — destinadas a financiar projetos de sustentabilidade, recuperar e proteger bacias hidrográficas e preservar ecossistemas.

A Ambev expõe seus números: a companhia de bebidas vai investir R$ 44 milhões em sustentabilidade este ano. A empresa usa hoje 3,9 litros de água para produzir um litro de cerveja. Reduziu em 14 bilhões de litros esse consumo entre 2002 e 2009. Em 2001, eram necessários 5,6 litros para a mesma quantidade. Para “falar bem alto” sobre a questão — como defendeu ser necessário o diretor de sustentabilidade, Sandro Bassili —, a companhia anunciou a adoção da Bacia do Corumbá-Paranoá, no Distrito Federal, entre outras iniciativas.

Só 0,007% da água doce no mundo está disponível em rios e lagos superficiais e 0,7% do mineral potável fica no subsolo. “O Brasil concentra 14%. Nosso produto (a cerveja) tem 95% de água. A gente tem que falar disso e falar alto”, disse Bassili.

Cyan, a cor que dá tom à campanha, já era usada pela civilização greco-romana para representar o recurso. Se há mais de 2 mil anos já se sabia da importância da água, é de secar a boca enfrentar perdas ecológicas como o Rio Tietê, em São Paulo, e os braços de água que desembocam na carioca Baía de Guanabara. Se quiser saber mais sobre a causa: http://www.movimentocyan.com.br/.

Fonte: O Dia

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