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segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Controlar a água

         A profecia de que a escassez da água para abastecimento humano será motivo para a provocação de guerras pelo controle dos mananciais hídricos já correspondem a uma realidade presente. Assim, palestinos e israelenses disputam as preciosas fontes d´água existentes na árida região do Oriente Médio, aumentando o raio de seus conflitos que não têm previsão de término.
         Outrora, um elemento abundante no Brasil, a água passou a ser vista estrategicamente pelo risco de sua finitude, obrigando, primeiro, a tarifar seu consumo; depois, a promover a formação de comitês nas bacias hidrográficas para gerenciar o uso e desestimular o plantio de culturas dependentes de grande consumo de água. Os órgãos de pesquisa buscam, mais do que nunca, identificar os aquíferos ainda não mapeados como reservas para o futuro.
         Em decorrência das pesquisas realizadas pelo antigo Grupo do Vale do Jaguaribe, as sondagens do subsolo no Vale do Cariri identificaram um reservatório de águas subterrâneas, capaz de abastecer, no futuro, as comunidades urbanas situadas no seu entorno. Essa descoberta adquiriu tanta relevância que os projetos de culturas irrigadas com essas fontes d´água são desestimulados. Existe todo cuidado para evitar desperdício hídrico.
         A Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) começa a mensurar a quantidade e a qualidade da água existente no subsolo. Essa preocupação não é apenas local. Comissões integradas por técnicos do Ceará e do Rio Grande do Norte farão, também, o gerenciamento das águas da Bacia Potiguar estendida entre os dois Estados. É uma forma de integração objetivando garantir o suprimento das comunidades urbanas, diante do uso desordenado da água.
         Esse gerenciamento da Cogerh se processa na Chapada do Apodi, onde se localiza o Perímetro Irrigado Jaguaribe-Apodi, distribuído entre os municípios de Limoeiro do Norte e Quixeré. Isso porque a falta de preservação e mau uso das águas subterrâneas causam vulnerabilidade, poluição, contaminação, perda de qualidade e de quantidade, comprometendo esse recurso escasso.
         A Chapada do Apodi separa o Ceará do Rio Grande do Norte. Em face da qualidade das terras do seu entorno e dos recursos hídricos localizados e em fase de mapeamento, a Cogerh elaborou o Plano de Gestão Participativa dos Aquíferos da Bacia Potiguar. Em torno dele, vem promovendo o cadastramento dos poços existentes e levantando informações sobre hidroquímica, isótopos ambientais e bacteriologia.
         Essa mobilização envolverá uma série de estações de monitoramento, levantamento planialtimétrico, avaliação das dimensões de contorno dos aquíferos, balanço hídrico e estimativa da recarga e das reservas diante da demanda social. A escassez desse recurso tem levado os gestores do plano hídrico a uma preocupação constante com a quantidade da água consumida e, especialmente, com a qualidade.
         Tivesse sido adotada essa prevenção no passado, o semiárido nordestino teria evitado a triste marcha da desertificação.

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